Entender o que é um bom
pesquisador em direito é importante quando você procura um orientador, busca se
aproximar de acadêmicos mais experientes e realmente deseja seguir os passos da
pesquisa (tem
certeza?). Cada área tem suas particularidades, mas em geral o que é ser um
bom pesquisador se aplica a todos os campos de estudo.
Nesta postagem, vou
explicar o que significa ser um bom pesquisador ou um pesquisador de alto nível
ou um pesquisador importante ou qualquer coisa do gênero.
A ideia geral se traduz
em resultados da pesquisa e seus impactos na área e na sociedade. Qualidades
individuais não necessariamente fazem um bom pesquisador, como, por exemplo,
dar boas aulas, falar alemão e ser conhecedor de música erudita.
1. O bom pesquisador
possui artigos publicados em
inglês em periódicos internacionais respeitados. Uma classificação
internacional desses periódicos na área de direito pode ser encontrada no site
da SJR.
Como a avaliação das pós-graduações no Brasil e dos próprios pesquisadores é
feita através do sistema Qualis
de classificação, ter artigos publicados em periódicos classificados como
A1 (o estrato mais alto) é indício da qualidade do pesquisador. Um bom pesquisador
de ciências sociais, incluindo de direito, pode ter um perfil na SSRN, que facilita e agiliza o acesso aos
seus trabalhos.
2. Entretanto, não
basta ter artigos publicados nos melhores periódicos. Essa é a triagem inicial.
A segunda triagem diz respeito à repercussão dos artigos: o bom pesquisador
possui artigos que são altamente citados por especialistas do seu campo (e, em
alguns casos, até mesmo de outras áreas), o que reflete a relevância e impacto
dos seus trabalhos. Se, por acaso, o trabalho do pesquisador gerar repercussões
sócias (uma nova tecnologia, uma nova legislação, políticas públicas etc.), então provavelmente esse trabalho
também terá repercussão acadêmica traduzida em citações. No Currículo Lattes do
pesquisador, é possível verificar essas informações (se houver).
3. O bom pesquisador
sabe que, além da pesquisa em si e da incessante busca por respostas e
resultados, deve apresentar seus trabalhos aos seus pares, e não só em
periódicos: apresentações em conferências e eventos acadêmicos, que permitam a
discussão crítica, também fazem parte da vida de um bom pesquisador.
4. Hoje a estrutura
institucional da academia, cheia de pressão por produtividade, pode levar o
pesquisador a se preocupar mais em publicar papers
do que com a relevância da sua pesquisa. Entretanto, o bom pesquisador deve
estar muito mais obcecado com problemas científicos, tecnológicos e sociais, e
não com a publicação em si. A obsessão com problemas relevantes permite a
criação de soluções relevantes, e isso separa as pesquisas realmente
importantes daquelas que apenas preenchem periódicos e currículos.
O maior reconhecimento
que um pesquisador pode ter é ver seu trabalho ter repercussão, acadêmica ou
social – e essa repercussão pode atrair prêmios. Mas na área de direito existe
uma prática comum que distorce o reconhecimento acadêmico e pode induzir
novatos a erros na avaliação de um pesquisador: as homenagens. Não é raro ver
congressos e eventos em homenagens a determinado professor, pesquisador, advogado
e outras personalidades do mundo jurídico, que pouco ou nada acrescentaram à solução
de problemas científicos ou sociais. O porquê disso é uma questão em aberto para
uma pesquisa empírica sobre o assunto, mas provavelmente tem a ver com uma
cultura jurídica que preza pelo fortalecimento de laços sociais como principal
forma de ascensão profissional. Em outras áreas, grandes homenagens são raríssimas,
e destinadas somente àquelas figuras cujos trabalhos geraram sério impacto – e às
vezes mudaram o mundo para sempre.
Para exemplos de boas
pesquisas e bons pesquisadores, ver as postagens:
Para evitar alguns
erros amadores como pesquisador, ver aqui.
Se você é uma criatura
persistente que, apesar de tudo, deseja seguir uma carreira séria da pesquisa em
direito, as duas postagens abaixo lhe serão de ajuda: